quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A homossexualidade, a sublimação de excelência e a criação

“ Quando eu faço um filme, eu me coloco num estado de fascinação diante de um objeto, uma coisa, um rosto, os olhares, uma paisagem, como se tratasse de um engenho onde o sagrado esteve em eminência de explosão.” Pasolini

Pintar como Velasquez, “mas com uma textura de pele de hipopótomo.” Francis Bacon

    Consideramos que seja mais legítimo a nossos prpósitos, tentar distinguir a sublimação de excelência da criação. De início, o conceito de falo pode nos servir de referência. Na sublimação de excelência como aquela de Leonardo da Vinci, o tipo mais raro e perfeito, no dizer de Freud, o falo, inicialmete, é atribuído à mãe. Ele se articula à riqueza imaginativa do artista, onde o fetiche, feitiço, é o artifício privilegiado enquanto imagem que comporta as coordenadas históricas do sujeito. Um erro de transcrição implica num julgamento errado, uma verdadeira figura de retórica que revela o caráter de semblante do falo. Neste caso, o Nome-do-Pai se articula a uma metonímia e não à substituição implicada na metáfora paterna.
    Já a criação parece nos conduzir em outra direção. Trata-se de orlar o vazio à maneira de um oleiro. Mas, também, de suportar ou amar a proximidade com o vazio, com o real do Isso, de seguir sua lógica, de transgredir o habitual para instala a surpresa, seus efeitos de humor e de gozo, tal qual o repentista ou o trovador. Um criador é um inventor de significantes,.
    O criador mantém um certa abertura para o feminino, para além da norme-mâle, da norma macho. Enquanto sujeito, ele espreita um para além difícil de lhe alojar, mas passível de ser reconhecido.. A obra, neste ponto de vista, tem o valor de uma produção do analista, de uma invenção própria ao fim de análise e ao momento de passe.

Léonard de Vinci avec le Caravage. Paris: L’Harmatan, 2005.

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